terça-feira, 24 de maio de 2011

Pérolas




O céu está cinzento nesta tarde ou será meu coração que está triste por não poder juntar as pérolas que teimam em cair no labirinto das cavernas? Procuro um ponto de partida para descer no caminho mas as águas inundam a passagem. Fico à mercê do tempo. Não consigo juntar as pérolas. Elas estão fora do meu alcance, partiram-se todas. Busco em Deus as respostas e muitas não vem da forma que eu quero. Questiono, entristeço às vezes. Neste momento de inquieta solidão busco a razão. Quero ser portadora do verbo amistar, que todo ser humano encontrasse em seu próximo o irmão, que essa loucura insana de mentes deturpadas fosse substituida pela essência de uma amizade sem interesse, sem subterfúgios e com diferenças respeitadas. Como posso deixar que em meu coração venha o desejo de destruir meu irmão, meu amigo? - Não quero falar destes motivos, eu quero ir além mesmo sabendo que nada do que digo mudará essa problemática. Eu não consigo nem mudar o que está em mim! E isto é o pior! Enfrentar os dissabores, fingir, às vezes, uma alegria que não existe nesse caos, na insegurança, na impotência de não poder substituir a raiva pela alegria, a insatisfação pelo prazer de fazer bem aos que estão próximos. Sinto-me dividida nesta tarde em que há prenúncio de temporal. Quem sabe a enxurrada leve algumas dores, dúvidas e inquietações para outras águas, outros mares... Quero tanto lavar a alma, limpar as cicatrizes, separar, delir, entrar no jardim e colher aquela flor bem-me-quer, encontrar o vento e soprar de mansinho em seus olhos e sentir uma brisa morna envolver o corpo, agasalhar o espírito, transbordar... envolver num abraço e com o gosto das águas que caem, limpas, transparentes, molhando o rosto, junto com as lágrimas de felicidade de mãos dadas caminhar pela vida, sem pressa, sem fugas... apenas caminhando na tarde!

sábado, 21 de maio de 2011

Em busca do caminho


Ontem foi um dia atípico. Cheguei atrasada na escola e mal entrei no portão o professor de educação física me procura para resolver um problema entre dois alunos. Enquanto caminho para minha sala outros probleminhas vão chegando ao meu conhecimento. Falamos com quatro mães e um pai e tudo foi se encaminhando dentro da rotina. Fui caminhando para o depósito da merenda quando observei 03 garotos entrando no banheiro feminino... - "Sai já daí!" - foi a minha primeira fala - "O que vocês pensam que estão fazendo?" E eles, com a cara mais inocente do mundo, olharam para mim e disseram: "Estamos arrumando nossos cabelos! O banheiro das meninas tem espelho, por isso estamos aqui." Olhei para aqueles garotos e pensei em Narciso. Assim, guiados por uma lógica hedonista, nos tornamos também cada vez mais narcisistas e trocamos as preocupações coletivas pelos projetos de realização pessoal e de consumo. O objetivo máximo da vida se torna a própria realização e, no sentido mais minimalista, temos o corpo como amplo campo de investimentos estéticos, vitamínicos e cirúrgicos. Enxergamos valores como a competitividade, a fama, a beleza e a pressa vendidos no atacado. Ver aqueles garotos, disputando uma vaga no espelho me faz refletir na vaidade exposta pela mídia. E isso se reflete também nos pais. Lí, recentemente, um artigo de uma psicanalista que falava sobre a díficil arte de adultecer. Cada dia queremos ser mais jovens e, nessa busca desenfreada pelo padrão (pré)estabelecido, vemos os nossos jovens, muitas vezes, buscando caminhos que não são o do espelho de um banheiro feminino, mas o caminho de morte. Mergulham no lago e afogam a imagem no espelho onde um dia Narciso se perdeu.

sábado, 14 de maio de 2011

poema


(...)
Acho que hoje acordei semente, tenho andado muito temporal, minha vida vive momento tudo. A vida as vezes transborda pelos poros, me atinge um estado livro,aurora em meus joelhos. Tem pessoas ponte, algumas carregam a gravidade nas costas. Já conheci gente buraco negro. Eu amo o instante limo. Tem branco em mim. Avida me urca. Sofro de saudade anônima. Palavras me beijam a boca.

Viviane Mosé
Foto do anoitecer na lagoa de S.Miguel. Saudades da minha terra onde vivi minha infância.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Mãe!


Feliz dia das mães para todas as mulheres: que sonham... que são, que amam, que correm, que estão doentes, que trabalham, sorriem, cantam, encantam, vivem na corda bamba, mães professoras, sonhadoras, vigilantes do peso, magrinha, cheinha, preocupada, cansada, sonolenta, viajada... médicas plantonistas, policial, a que fica no lar e alimenta a prole... Mãe de todas as idades... De 90, de 15 todas as cores, pretas, amarelas, pardas, mestiças, afro, mãe de todas as tribos... que trazem na alma o mistério de gerar uma vida! mãe que ora, que chora, que luta, a todas dedico meu carinho. Feliz dia das mães.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Presente do coração


Hoje recebi um lindo presente da minha querida amiga Dalvinha Daluzinha. Um poema lindo! Veio pelo correio com o mesmo sabor da amizade linda que construimos lá na terra dos poetas. Não moramos mais em Assu, mas continuamos amigas irmãs por onde quer que a vida nos leve. O envelope trazia um tema: "Está na moda partilhar o sabor da poesia." Ah! se todos amassem poemar, amar, partilhar,saborear,amistar... Conjugar todos esses verbos da forma mais perfeita que o presente fosse poetisar. Abri o envelope não sabendo o que esperava encontrar... Voces não sabem o que é o prazer de receber uma carta de Dalvinha. São páginas e páginas de puro encantamento, é um sabor indefinível. Ler, ler,ler... Nós extraimos o melhor das entrelinhas. Voltei ao passado. Saboreando toda a expectativa do (re) encontro com o carteiro, com as nossas tardes na terra amada do Assu. Foi como se eu entrasse no túnel do tempo e revivesse toda a emoção da espera. Nos dias atuais os e-mails, as redes sociais, tiraram de nós o prazer da leitura de cartas tão queridas e esperadas. VIA LÁCTEA
Olavo Bilac
" Ora (direis) ouvir estrelas! Certo perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto que para ouvi-las muitas vezes desperto e abro as janelas, pálido de espanto.

E conversamos toda a noite, enquanto a via-láctea, como um pálio aberto cintila. E ao vir do sol saudoso e em pranto inda as procuro pelo céu deserto.
Direis agora: Transloucado amigo! Que conversas com elas? Que sentido? Tem o que dizem, quando estão contigo?
E eu vos direi: Amai para entendê-los pois só quem ama pode ter ouvido capaz de ouvir e de entender estrelas" Este lindo poema foi o presente recebido em plena quinta-feira, logo que cheguei morrendo de cansaço do trabalho. Estou voltando para mais uma jornada: manhã, tarde e noite. agora renascida para ouvir minhas estrelas
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segunda-feira, 2 de maio de 2011

Arez, 250 Anos Fazendo História no RN

Escrever, Por que?


A resposta direta seria: Escrevo porque sou ambivalente, insegura e desejosa de cumplicidade e pode ser que neste canto eu encontre a minha outra face, a que deseja voar, cantar, e escrever, escrever até que as palavras se tornem um sumo adocicado e venha adoçar a vida dos que leêm, mesmo sem saber quem escreve desse lado de cá. Passei vários dias vindo aqui. olhava a página em branco e fechava, saía, depois entrava. Resolvi ler, Laços de família de Clarice Lispector não consegui, estava inquieta.Somos demasiados frívolos, buscamos o atordoamento das mil distrações corremos de um lado para outro em busca de soluções para nossas inquietudes e as vezes as portas que se abrem nos deixam ainda mais confusos, mais atordoados. Quando deveríamos apenas parar e analisar: quem a gente é, o que fazemos da nossa vida, dos amores, mesmos os que já foram embora ou estão adormecidos. Amadurecer, tirar as máscaras, (re) inventar,inverter as posições dos móveis, limpar os armários da alma e sair do casulo em que nos sentamos confortáveis. Escrevo para mim? Também tiro proveito do que vem na ponta dos meus dedos nessas teclas mudas que ao meu comando vão formando idéias e pensamentos. Não sou tão expontânea na conversa como sou aqui com minhas teclas. Escrever alivia o coração, deixa a alma leve. É como jogar meus barquuinhos na enxurrada e deixar que ela os leve para desaguar em outros mares. Volta e meia me pego rebuscando nas agendas, os rascunhos dos fragmentos da minha vida que foram sendo refeitos nos vales e nos montes, as vezes não me reconheço no meio do caos, das cicatrizes, das feridas expostas, do coração sangrando. Será que estou cumprindo a missão que me foi delegada? Desço a fonte, encho meu cântaro e subo por que sei que posso ser moldada, refeita... O oleiro da minha vida sempre chega na hora para me (re) fazer.